Polícia investiga morte de bebê indígena por choque elétrico em aldeia de Brumadinho
30/10/2025
(Foto: Reprodução) Polícia investiga morte de bebê indígena, em Brumadinho
Um bebê indígena de um ano e um mês morreu após sofrer um choque elétrico em um assentamento da Aldeia Kamakã Mongoió, em Brumadinho, na Grande BH. O caso é investigado pela Polícia Civil.
Segundo relato da mãe, Thatielly Naixu, na última quarta-feira (29), o filho, Hendrick Thawyk Naixu, brincava no terreiro com um gato de estimação quando correu em direção à máquina de lavar. Ao tentar alcançá-lo, ela viu o menino com a mão na tomada, recebendo a descarga de energia.
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Uma vizinha ajudou no socorro e levou o bebê à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Piedade do Paraopeba. De acordo com o boletim de ocorrência, o médico informou que o garoto chegou ao local sem sinais vitais e passou por uma tentativa de reanimação, mas não resistiu.
O terreno onde a aldeia está localizada pertence à Vale e foi cedido aos indígenas no ano passado. Em nota, a mineradora lamentou a morte (leia mais abaixo). Já a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) disse que o assentamento não possui atendimento da estatal.
Investigação
A Polícia Civil de Minas Gerais informou que o corpo foi encaminhado ao Posto Médico-Legal de Betim para ser submetido a exames. Até o momento, ninguém foi conduzido à delegacia de Brumadinho. A instituição aguarda os laudos que vão determinar a causa e as circunstâncias da morte.
Procurada pela reportagem, a Cemig afirmou que não houve registro de acidente relacionado à rede elétrica regular da companhia. A empresa também informou que o local não possui atendimento da estatal, "por se tratar de um assentamento sem regularização fundiária, o que impede a instalação formal de rede elétrica".
"De qualquer forma, uma equipe será enviada para verificar de onde estaria vindo a energia elétrica que atende ao local, se é oriunda de ligação irregular e/ou clandestina", completou a Cemig.
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Em nota, a Vale lamentou a morte do bebê e expressou solidariedade à família e à aldeia. A mineradora disse que a área é objeto de um acordo judicial, com proposta aceita pela comunidade e registrada em audiência em setembro de 2024.
"Adicionalmente, a empresa, a pedido da comunidade, emitiu carta de anuência para instalação de energia elétrica na referida área. A Vale reforça que segue com diálogo respeitoso aos indígenas Kamakã Mongoió e demais povos tradicionais da região", concluiu a Vale.
Conselho cobra providências
Nesta quinta-feira (30), o Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos de Minas Gerais (PPDDH-MG) divulgou uma nota dizendo que acompanha com profunda consternação a morte do bebê Hendrick Thawyk Naixu e cobrou a responsabilização da Cemig.
"A ausência de rede formal e a falta de medidas emergenciais por parte da concessionária expõem famílias a riscos permanentes de choques, incêndios e curtos-circuitos", disse a assessoria do conselho.
Ainda conforme o comunicado, o cacique Rogério Naurú e a vice-cacica Katorã Kamakã denunciaram que a comunidade já havia alertado a empresa e o poder público sobre os riscos. "Sempre pedimos para regularizar a rede, mas ninguém apareceu. Agora perdemos uma criança por causa do descaso", afirmou o líder indígena.
Polícia investiga morte de bebê indígena por choque elétrico em aldeia de Brumadinho
Reprodução/TV Globo