Dos baldes aos cadernos: faxineira vira estudante na universidade federal onde trabalhava na limpeza

  • 20/11/2025
(Foto: Reprodução)
Integração na Educação: série do MG2 mostra como os estudos podem transformar realidades Aos 50 anos, Cláudia Dias da Silva realiza um sonho que por muito tempo parecia inalcançável: estar em uma sala de aula como aprendiz, e não para limpar o local. Por 15 anos, ela percorreu os corredores da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) com baldes, panos e a responsabilidade de zelar pelo espaço. Hoje, caminha pelos mesmos lugares com um caderno nas mãos. “Agora, no lugar onde eu limpava, eu me sento para estudar. Deixo a Cláudia empregada doméstica e me torno a Cláudia acadêmica. É uma virada de vida. Estar aqui como estudante é uma vitória. Olho para trás e vejo que valeu a pena esperar. Nunca é tarde para aprender", disse. ✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 Zona da Mata no WhatsApp Aluna do curso de Ciências Humanas desde o ano passado, Cláudia é a primeira da família, tanto materna quanto paterna, a ingressar no ensino superior, uma conquista que por muito tempo pareceu impossível. “Sou negra, pobre e trabalhadora doméstica. Às vezes, o sonho está tão fora da gente, parece que nunca vai acontecer. Vivi uma vida e agora estou mudando o jogo para outra", afirmou, explicando que quando passou na UFJF já havia deixado a instituição como faxineira. Cláudia Dias da Silva é a primeira pessoa da família, tanto por parte de pai quanto de mãe, a ingressar na faculdade Arquivo Pessoal Paixão pela educação desde a infância A estudante conta que a paixão pelos estudos começou cedo, ainda na infância, mas aos 11 anos, com a morte do pai, precisou deixar a escola para ajudar a mãe e cuidar dos irmãos mais novos. Aos 17 anos, um patrão a matriculou novamente na escola, mas ela não conseguiu concluir o ensino fundamental. “Eu era apaixonada por estudar, mas precisei parar. O destino me forçou a adiar esse sonho”, lembra. A vida seguiu em outro ritmo: casamento, filhos, trabalho. A escola ficou, mais uma vez, para depois, um 'depois' que demorou três décadas para chegar. LEIA TAMBÉM: Após perder o pai aos 11 anos, jovem se forma em Psicologia e transforma dor em ajuda Esposa doa rim para marido que aguardava transplante há 2 anos: 'queria tirá-lo desse sofrimento' Após perder o filho de 5 anos, mãe transforma luto em solidariedade e funda instituto em Juiz de Fora Gari formado em Letras faz sucesso nas redes com humor, reflexões e rotina de trabalho Reencontro com a educação Cláudia Dias da Silva e a família Arquivo Pessoal O reencontro de Cláudia com a educação aconteceu aos 47 anos. Na época, ela trabalhava como empregada doméstica e decidiu voltar à escola inspirada pelo filho Luiz Maurício, atleta olímpico e finalista das Olimpíadas de Paris, e pela filha, que também havia interrompido os estudos. “Quis ser exemplo para ela. Voltar era um sonho meu, mas também um compromisso de mãe”, contou. Primeiro, concluiu o 9º ano. Em seguida, matriculou-se no Ensino de Jovens e Adultos (EJA) do Colégio de Aplicação João XXIII, onde estudou junto com a filha. “Eu tinha muito medo, porque foram mais de 30 anos sem entrar numa sala de aula. O que me confortou foi a cartilha: todos aprendemos com o mesmo material, e ali me senti acolhida”. Mãe e filha se formaram juntas no ensino médio. Em seguida, Cláudia fez o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e foi aprovada no curso de Ciências Humanas da UFJF. “Ter o ensino médio completo já era algo magnífico, uma grande realização. Não conseguia imaginar que um dia fosse conseguir ir além desse feito", completou. Planos Dividida entre o trabalho, a faculdade, os filhos, os netos e o marido, Cláudia segue firme na nova rotina. Mais do que conquistar um diploma, ela deseja abrir caminhos ainda mais distantes. “Sinto que posso caminhar com as minhas próprias pernas. Fui com coragem, cara e vontade. Todo dia é diferente e bom. O que eu aprendo, levo pra dentro de casa". A estudante também faz planos e quer ser professora. “Gostaria de ser docente, mas preciso do pé no chão primeiro para isso, meu foco é formar por enquanto. Quero fazer o mestrado e vivenciar tudo também. Todas as portas que forem abrindo quero entrar”. E completa: “A gente devia lutar mais pela educação, que é essencial para o ser humano. A vida não se conclui aos 50 anos", finalizou. VÍDEOS: veja tudo sobre a Zona da Mata e Campos das Vertentes

FONTE: https://g1.globo.com/mg/zona-da-mata/noticia/2025/11/20/dos-baldes-aos-cadernos-faxineira-vira-estudante-na-universidade-federal-onde-trabalhava-na-limpeza.ghtml


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