Alvos de operação contra esquema de mineração incluem presidente de ONG de defesa do meio ambiente e ex-deputado
17/09/2025
(Foto: Reprodução) Montagem mostra ex-deputado João Alberto Lages e presidente da Associação Ambiental e Cultural Zeladoria do Planeta, Fernando Benício
Divulgação/Redes sociais
Fernando Benício, diretor presidente da Associação Ambiental e Cultural Zeladoria do Planeta, e o ex-deputado estadual João Alberto Paixão Lages (PMDB) estão entre os alvos da Operação Rejeito, deflagrada pela Polícia Federal nesta quarta-feira (17) contra fraude em licenças ambientais para a mineração.
A investigação identificou esquema criminoso bilionário de mineração ilegal em Minas Gerais, estruturado por empresários e servidores públicos (entenda).
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Segundo as investigações, o ex-deputado faz parte da cúpula que organizava o esquema da mineração ilegal. Lages aparece como sócio oculto do principal chefe da organização, o empresário Alagoano Alan Cavalcante.
Segundo a Polícia Federal, o ex-parlamentar recebia e repassava informações sigilosas sobre operações policiais, o que favorecia o grupo a se precaver dos cumprimentos de mandados judiciais.
Já Benício, como membro do Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam), tinha direito a voto em assuntos relacionados a licenças ambientais.
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O currículo do ex-deputado João Alberto Lages
Ex-deputado João Alberto, filiado ao PMDB.
ALMG
Segundo a Assembleia Legislativa, João Alberto Paixão Lages iniciou sua atuação política como presidente do Conselho Estadual da Juventude entre 1999 e 2002, além de ter presidido a juventude do PMDB em Minas e nacionalmente.
Ele foi secretário adjunto da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Regional e Política Urbana entre 2004 e 2006, diretor-presidente da CeasaMinas de 2007a 2013, e presidente da Associação Brasileira das Centrais de Abastecimentos (Abracen). Também ocupou cargos no Ministério da Agricultura e na União Mundial de Mercados Atacadistas.
João Alberto também atuou em conselhos de meio ambiente e desenvolvimento regional do estado. O ex-deputado tem base política diferentes regiões de Minas Gerais, com destaque em municípios como Belo Horizonte, Boa Esperança no Sul do estado e Araçuaí, no Vale do Jequitinhonha.
O g1 entrou em contato com a defesa de João Alberto Lages, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.
Fernando Benício e a Associação Zeladoria do Planeta
Página do perfil do linkedin de Fernando Benício, onde ele destaca a atuação na ONG Zeladoria do Planeta.
Redes Sociais
Fernando Benício está à frente da Associação Ambiental e Cultural Zeladoria do Planeta, organização da sociedade civil sem fins lucrativos cadastrada nacionalmente como entidade ambientalista e com cadastro estadual como entidade Socioambiental.
A entidade atua, por meio da participação de Benício, como representante do Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam). A associação também tem direito a voto no Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conam,a).
Uma entidade socioambiental tem legitimidade para participar em processos decisivos de políticas públicas ambientais, acesso a espaços de representação institucional, como fóruns, audiências públicas e comissões ambientais.
Além disso, há a possibilidade de tentar recursos públicos ou participar de editais voltados à proteção ambiental. No site da ONG, consta que ela atua como conselheiro do Comitê da Bacia Hídrica do Paraopeba.
O g1 entrou em contato com Fernando Benício e com a associação, mas não obteve resposta até a última atualização desta reportagem.
Fernando Benício em eventos da Associação Ambiental e Cultural Zeladoria do Planeta.
Redes Sociais
A operação Rejeito
A Operação Rejeito revelou um esquema criminoso bilionário de mineração ilegal em Minas Gerais, estruturado por empresários e servidores públicos.
O grupo operava por meio de uma rede de mais de 40 empresas de fachada, criadas para lavar dinheiro, ocultar patrimônio e simular legalidade em projetos minerários em áreas protegidas, como a Serra do Curral, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, e Ouro Preto.
Em Minas, foram 17 alvos, sendo 15 presos até a tarde desta quarta-feira. Duas pessoas estão foragidas.
A organização criminosa contava com divisão de tarefas, cooptação de agentes públicos de órgãos como Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM), Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMAD), Instituto Estadual de Florestas (IEF), Conselho Estadual de Política Ambiental (COPAM), Agência Nacional de Mineração (ANM) e Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), e manipulação de licenças ambientais mediante pagamento de propina.
A investigação identificou movimentações financeiras superiores a R$ 4,3 bilhões e resultou em pedidos de prisão preventiva, sequestro de bens, suspensão de atividades empresariais e afastamento de servidores envolvidos.
O g1 entrou em contato com o governo do estado e aguarda retorno.
Operação Rejeito desvenda esquema bilionário que viabilizava projetos de mineração ilegais em áreas protegidas como a Serra do Curral.
Polícia Federal
Operação Rejeito, da Polícia Federal, revelou esquema de mineração ilegal em MG.
Arte/g1
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